O Brasil e o mundo passam por momentos de agitação e de incertezas e isso requer de nós sabedoria para lidar com o futuro das pessoas. É um grande desafio.
A política e boa parte dos políticos caíram em descrédito, não há como negar. O péssimo exemplo de um bocado deles contribui para essa má fama. Há, sim, inúmeras coisas boas acontecendo e há, sim, de se fazer a separação do trigo em meio ao joio. Toda generalização é estúpida.
O termo “política” vem do grego “polis”, que significa “cidade”. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político, portanto, seria o cuidador desse espaço público de convergências.
Há políticos por vocação, raridade hoje, e políticos profissionais – aos montes por aí. A palavra “vocação”, do latim “vocare”, quer dizer “chamado”. Logo, um político por vocação atende a um chamado. Ele trabalha não porque ganha algo em troca, mas porque ama o que faz.
Na vocação, o prazer reside na própria ação de fazer o que tem que ser feito. É como um homem apaixonado que ama sua mulher pela alegria de estar com ela, de satisfazê-la. A vocação política é a arte de transformar sonhos em realidade.
Já os profissionais da política não estão de fato preocupados com a “polis”. O prazer desses homens não está na ação de fazer o bem, mas no ganho que isso proporciona. Ele usa o espaço de todos para construir seu espaço privado – e privilegiado.
A vocação política é nobre. A profissionalização é vil. O futuro do Brasil depende dessa luta entre vocacionados e profissionais, entre aqueles que atendem ao chamado para servir a todos contra os que usurpam do que é público para benefício particular.
Lamentavelmente, muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo por medo de serem confundidos e levados à vala comum dos políticos profissionais. E isso cada vez mais afasta as pessoas de bem da vida pública, o que é um perigo para o País.
Por isso, falo especialmente aos brasileiros de bem: apaixonem-se pela política. Ocupem os espaços públicos, discutam o futuro da sua cidade e da nação. Os profissionais não querem vocês lá e farão de tudo para colocá-los de canto nas decisões mais importantes.
Marcos Pereira, advogado e presidente nacional do PRB
*Artigo publicado na Folha Universal – 08/02