A sucessão de escândalos de corrupção que tem destruído a já cambaleante política brasileira é apenas o reflexo do agravamento da crise moral que toda a nação sofre hoje. Vivemos um período crítico da nossa história e ele não está relacionado apenas às mulheres e homens públicos. É cultural do nosso povo querer levar vantagem em tudo. Eis a raiz dos problemas.
Muita gente já deixou de acreditar, alguns optaram por abandonar o País, uma decisão radical, enquanto parcela bem menor da população segue com punhos cerrados lutando contra esse mal. A vitória, contudo, parece distante. Como sabiamente relatou o rei Salomão em Eclesiastes, parece que, por pura vaidade, estamos “correndo atrás do vento”.
Mas há uma saída. Conta a Bíblia que o povo de Israel escapou da escravidão do Egito pelas mãos de Deus, por meio de Moisés, e peregrinou durante 40 anos no deserto antes de entrar na terra prometida. O percurso não duraria todo esse tempo, mas foi necessário para que os murmuradores e os infiéis “ficassem pelo caminho”. Deus queria uma nova geração para uma nova terra.
Nem o próprio Moisés conseguiu entrar. Ele apenas avistou de longe a nova casa, mas foram os jovens Josué e Calebe, e toda a nova geração israelita que possuíram aquela terra e conquistaram um futuro para todo o povo. Ao longo dos 40 anos, a consciência daqueles homens e mulheres foi transformada, então foram preparados para o tempo vindouro. Eis um paralelo que podemos traçar.
Só as próximas gerações com novos hábitos poderão traçar novos rumos para o Brasil. Temos, a exemplo de Moisés, feito um grande esforço para conduzir a nação pelo caminho mais rápido e menos árido, mas enquanto não houver uma mudança de comportamento, a terra prometida parecerá sempre uma miragem distante. Viveremos de oásis em oásis, nada definitivo.
Espero, contudo, neste caso diferente de Moisés, não apenas observar de longe essas mudanças. Quero fazer parte da construção desse novo Brasil. E você?, vai tombar pelo caminho, observar de longe ou juntar-se aos vencedores que farão a diferença? É hora de trabalhar com força e empenho para avançar sobre este deserto moral que atravessamos. A caminhada já começou.
Marcos Pereira – advogado e presidente nacional do PRB
Artigo publicado domingo (24/5) na Folha Universal – veja aqui