Ao dar boas-vindas a 54 vereadores, três vice-prefeitos, três prefeitos e um deputado estadual que migraram para o PRB durante a “janela” partidária no último mês, o presidente Marcos Pereira disse, na manhã de hoje (10), em São Paulo, que com as mudanças no sistema eleitoral, em especial a proibição das doações empresariais aos candidatos, os partidos terão que “reaprender” a fazer campanha, e que a partir de agora será “tostão contra tostão”.
A recepção foi realizada na sede do PRB paulista e contou com a presença de mais de 200 pessoas, entre elas o deputado federal Roberto Alves, os cinco estaduais – Milton Vieira, Gilmaci Santos, Sebastião Santos, Wellington Moura e Jorge Wilson -, a prefeita de Cruzeiro, Ana Karin, além de vereadores, presidentes de partidos, coordenadores de militância e representantes de outros partidos. Para Pereira, PRB aprendeu a fazer campanhas enxutas e mais baratas.
“O PRB sai na frente porque teve que aprender a fazer campanhas sem dinheiro”, disse ele ao comparar os gastos de Fernando Haddad (PT) com Celso Russomanno (PRB), em 2012, em São Paulo – R$ 67 milhões contra R$ 6 milhões -, e de Luiz Fernando Pezão (PMDB) com Marcelo Crivella (PRB), em 2014, no Rio de Janeiro – R$ 45 milhões contra R$ 7 milhões. “Não tivemos doações milionárias, mas podemos dormir tranquilos sem ter que topar com o ‘japonês’ (Newton Ishii) da (Polícia) Federal na porta”, disse.
O líder nacional do PRB disse que o custeio das campanhas neste ano terá três fontes: doações do próprio candidato, de pessoas físicas e do fundo partidário. Pereira diz, no entanto, que o brasileiro não tem a cultura de doar e o limite é muito baixo (10% da renda auferida no ano anterior), e que os recursos dos partidos diminuíram com a redistribuição do dinheiro devido a homologação de novas siglas. As soluções serão “caseiras”.
Metas ousadas
Marcos Pereira expôs aos novos filiados as metas do PRB para as eleições de outubro, traçadas no final de 2014 com a Executiva Nacional. O partido disputará seu terceiro pleito municipal e o objetivo é eleger 300 prefeitos e 3500 vereadores. Em 2012 foram eleitos 79 e 1204, respectivamente. O PRB disputará oito capitais – São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Cuiabá (MT), Porto Velho (RO), Palmas (TO), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Macapá (AP).
O presidente do PRB contou um pouco da história do partido e da origem “municipalista” da sigla, que nasceu PMR – Partido Municipalista Renovador, mas foi rebatizado como “republicano” por sugestão do ex-vice-presidente Zé Alencar, morto em 2011. Pereira, no entanto, disse que as raízes nunca foram abandonadas e considera a eleição municipal a mais próxima do povo. “É no município que a gente vive e desenvolve nossas atividades”, destacou.
Sacrifício pessoal
Ao explicar o princípio hierárquico defendido pelo PRB – primeiro o interesse público seguido dos interesses partidários e pessoais (estes, desde que lícitos) -, Marcos Pereira revelou ter aberto mão de disputar a eleição para deputado federal em 2014, apesar da pressão de aliados, para poder focar no trabalho partidário com independência. Ele também recusou assumir um ministério no atual governo quando discutia o espaço do PRB no final de 2014.
“O então ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante, perguntou se eu queria compor o governo. Eu sugeri dois ministérios – Justiça, pois sou advogado e professor de Direito, e Telecomunicações – fui vice-presidente de uma grande emissora de TV -, pois sabia que esses ministérios são de indicação pessoal da presidente da República e que não abririam para nós. Foi uma forma educada de dizer ‘não’. Mas apresentei nomes para outros ministérios”, contou.
PRB não volta ao governo
Marcos Pereira reafirmou também a disposição de manter o PRB independente no Congresso Nacional. Ele mais uma vez negou que o partido possa voltar a ocupar um ministério no governo Dilma Rousseff, como foi noticiado repetidas vezes na imprensa desde que deixou a base. O PRB entregou o Ministério do Esporte e todos os cargos de direção que ocupava na pasta. As exonerações ocorreram mediante a indicação dos substitutos pelo novo ministro, Ricardo Layser, a fim de não comprometer os trabalhos.
“O PRB não volta mesmo que a presidente Dilma sobreviva ao impeachment. Tentaram nos incluir num grupo de partidos chamado de ‘centrinho’, o que já desmenti aos jornais. Fui sim procurado pelo governo e pelos presidentes destes partidos, mas demos um passo a frente ao sair da base. Não podemos dar um passo atrás”, reforçou Pereira. “O PRB tem projeto”, concluiu ele, ao afirmar que o partido pode lançar candidatura presidencial em 2018.
Diego Polachini – Comunicação – Presidência Nacional